Outra versão da lenda diz que Maculelê era um indígena que não participava das expedições de caça do seu povo porque era considerado preguiçoso e desastrado. Nessa variação, ele também enfrenta os guerreiros invasores apenas com dois bastões – já que as armas da aldeia tinham sido levadas pelos caçadores –.
A origem do maculelê é incerta, possui diversas lendas, que naturalmente, vieram por tradição oral característica às culturas afro-brasileira e indígena da época do Brasil Colônia e, inevitavelmente sofreram alterações ao longo dos anos. Em uma delas conta-se que Maculelê era um negro fugido que tinha doença de pele.
Em sua origem, o maculelê foi uma arte marcial armada, que nos dias de hoje se preserva na simulação de uma luta tribal usando como arma dois bastões, chamados de grimas (esgrimas), com os quais os participantes desferem e aparam golpes no ritmo da música em línguas africanas, indígenas e portuguesa.
A palavra maculelê tem origem na língua umbundo e significa “provocação, desafio” e “ser leve e rápido”. O maculelê tem origem nas fazendas de cana-de-açúcar da época do Brasil Colônia, e foi criado pelos escravos. A dança simboliza a luta de Maculelê, um herói que venceu uma disputa contra uma tribo rival.
Acredita-se que seja um ato popular de origem africana que teria florescido no século XVIII nos canaviais de Santo Amaro, e que passara a integrar as comemorações locais. Há quem sustente, no entanto, que o Maculelê tem também raízes indígenas, sendo então de origem afro-indígena.
Qual é o significado simbólico dos bastões utilizados no maculelê e como essa prática se relaciona com as tradições africanas?
E eis que uma tribo rival aparece para dominar o espaço. Maculelê lutou sozinho contra o grupo rival e, heroicamente, venceu a disputa. Desde então passou a ser considerado um herói na tribo. A dança com bastões simboliza a luta de Maculelê contra os guerreiros.
Tradicionalmente apenas homens praticavam o maculelê, atualmente as mulheres são aceitas. Os instrumentos utilizados são três atabaques: rum (grande), rumpi (médio), lê (pequeno), são os mesmos utilizados pelo candomblé. O maculelê é uma dança guerreira de ataque onde são usados facões.
Qual a importância do maculelê para a identidade negra?
O maculelê é uma cultura tradicional de Santo Amaro da Purificação, Bahia que remonta o período colonial (1500- 1822), relembrando a memória dos negros escravizados e trazidos para terras estrangeiras e acabando por incorporar outros elementos culturais.
O carimbó é uma dança cultural da região Norte, que teve origem no estado do Pará durante o século XVII, a partir das danças e costumes indígenas. O nome é em homenagem ao instrumento musical indígena curimbó, tambor artesanal utilizado em apresentações artísticas e religiosas.
A base do maculelê consiste em manter o pé direito parado e avançar e recuar o esquerdo a cada ciclo do toque do atabaque. Além disso, quando o pé esquerdo vai à frente, deve-se bater com o grima da mão direita no grima do parceiro.
É um movimento da cultura popular que envolve música, dança e história - além de figurinos extravagantes, que remetem à cultura africana, indígena e portuguesa. Desde 2018, foi instituído pela Câmara dos Deputados o dia 1º de agosto como Dia Nacional do Maracatu.
Qual a importância do maculelê para a cultura brasileira?
O Maculelê criado pelos escravos na Bahia é expressão cultural de um povo que trabalhava exaustivamente nas plantações de cana-de-açúcar e que tolhidos de seus direitos mais fundamentais construiu cultura e saberes ricos em expressões e significados.
Como em outros ritmos de origem afro-indígena, as músicas do maculelê são marcadas pela presença forte da percussão. O principal instrumento usado é o atabaque, tambor de madeira muito usado nos rituais do candomblé.
É um tipo de dança folclórica de origem afro-brasileira e indígena. Em sua origem, o Maculelê era uma luta marcial armada, que ainda hoje se preserva na simulação de uma luta tribal usando como arma dois bastões, chamados de grimas.
AS RAÍZES DO MACULELÊ REMONTAM À ÁFRICA, ONDE AS COMUNIDADES TRIBAIS REALIZAVAM PRÁTICAS DE COMBATE COM BASTÕES. NO BRASIL, ESSA MANIFESTAÇÃO CULTURAL FOI REINVENTADA PELOS ESCRAVIZADOS COMO UMA FORMA DE HONRAR SEUS ANCESTRAIS AFRICANOS E RESISTIR À ESCRAVIDÃO.
A identidade negra é entendida, aqui, como uma construção social, histórica, cultural e plural. Implica a construção do olhar de um grupo étnico/racial ou de sujeitos que pertencem a um mesmo grupo étnico/racial sobre si mesmos, a partir da relação com o outro.
Por que o negro teria se tornado um emblema para o branco?
A ideia de o negro se tornar um emblema para o branco está relacionada a construções sociais e históricas que surgiram no contexto do colonialismo e da escravidão.
“A própria conceituação e o próprio objeto da discussão sobre a dança já está equivocada. O maculelê não é uma dança de candomblé. O maculelê é uma dança de matriz africana com influências indígenas também.
Para abrirmos nossa noite, exibimos o mini documentário “História do Maculelê”, no qual a pesquisadora e historiadora Zilda Paim explica a origem do nome Maculelê, que se deu pela junção de “Macuas” e “Males”, tribos rivais; e o “lelê”, que era o pedaço de pau usado pelos africanos durante os enfrentamentos.
O maculelê em sua origem era uma arte marcial armada, mas atualmente é uma forma de dança que simula uma luta tribal usando como arma dois bastões, chamados de grimas (esgrimas), com os quais os participantes desferem e aparam golpes no ritmo da música.
Esta dança é muito associada a outras manifestações culturais brasileiras como a Capoeira e o frevo. Popó do Maculelê foi um dos responsáveis pela sua divulgação, formando um grupo com seus filhos, netos e outros habitantes da Rua da Linha, emSanto Amaro, chamado Conjunto de Maculelê de Santo Amaro da Purificação.