Como era a vida no Brasil na época da hiperinflação?
A economia viveu períodos de recessão e desaceleração contínuos, o desemprego era alto, os salários se desvalorizavam rapidamente e o aperto monetário interferia em todos os aspectos do cotidiano social brasileiros. Maior símbolo do período, a estocagem de alimentos virou padrão de consumo.
No inicio de 1994, a inflação estava em 40% ao mês, ou três mil por cento ao ano. Os preços subiam sem parar – gasolina, alimentos, prestações... A cada hora o cruzeiro valia menos em relação ao dólar. Era o caos da hiperinflação.
Embora pareça hoje uma questão superada, a inflação já foi um grande problema no Brasil, quando maltratava bolsos, desgastava a economia e corroía orçamentos. Na década de 80, chegou a superar os 82% ao mês, de acordo com o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).
Em 1991, ano do Plano Collor II, a inflação desacelerou para 473% — a alta no ano anterior havia sido de 1.621%. Em 1994, mesmo com a adoção do Real em julho, os preços subiram 916%. De 1981 a 1994, a inflação acumulada em percentual superou os 6 trilhões, disparada a maior do mundo nesse período.
Há exatamente três décadas, o cruzeiro real, uma moeda corroída pela hiperinflação, dava lugar ao real, que estabilizou a economia brasileira. Uma aposta arriscada que envolveu uma espécie de engenharia social para desindexar a inflação após sucessivos planos econômicos fracassados.
Como era a vida dos brasileiros em época de hiperinflação
Quando acabou a hiperinflação no Brasil?
Durante a segunda metade do século 20, o Brasil foi o país com a maior inflação em todo o mundo. Essa difícil trajetória só foi interrompida em 1994, com a implantação do Plano Real, que tornou estável a economia brasileira.
À época, com uma nota de R$ 1, que hoje até já saiu de circulação, era possível comprar, por exemplo, 10 pãezinhos (que custava cerca de R$ 0,10 cada) ou encher o tanque do carro desembolsando apenas R$ 0,55 pelo litro da gasolina (veja abaixo a lista com o que era possível comprar com R$ 1).
Depois de quase 28 anos do Plano Real, a nota de R$ 100, que em julho de 1994 pagava o valor de um salário mínimo e ainda deixava troco, vale agora R$ 13,43.
Os países que têm inflação anualizada maior que o Brasil são: a Argentina (193%), a Turquia (48,5%), a Rússia (8,5%), a Índia (6,1%) e o México (4,8%).
De fato, tanto em 2015 quanto em 2021 a inflação ultrapassou o percentual de 10%, o que dá razão ao atual presidente, sendo que naquele já remoto ano o percentual foi até maior, de 10,67%.
Qual foi o plano econômico mais bem sucedido do Brasil?
Plano Real. O Plano Real foi um dos planos de estabilização econômica mais importantes da história do Brasil e por meio dele foi lançada a moeda em vigência atualmente: o real.
A década de 80 no Brasil foi um período de significativas mudanças e de novos ordenamentos no quadro político da nossa sociedade. O início do processo de abertura política, após longo período de ditadura militar, possibilitou o surgimento de novas organizações da sociedade civil e da sociedade política.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) registrou alta de 0,11% em janeiro, o menor índice de inflação para o mês desde a criação do Plano Real, em 1994.
Em 30 anos, dólar chegou a valer menos de R$ 1 e bateu “recorde” em 2002; relembre. No dia em que o Plano Real foi criado, R$ 1 valia US$ 1. Há quem se lembre do breve período em que a moeda brasileira superava a americana.
A hiperinflação é frequentemente associada a algum estresse no orçamento do governo, como guerras ou suas consequências, convulsões sociopolíticas, colapso na oferta agregada ou nos preços de exportação ou outras crises que dificultam a arrecadação de impostos pelo governo.
Dessa forma, com R$ 10 em 1994 você conseguiria comprar dois quilos de carne, um quilo de feijão, um quilo de banana, um quilo de batata e um quilo de tomate. Atualmente, só um quilo de feijão consome quase esse mesmo valor.
Quanto o real se desvalorizou durante o governo Bolsonaro?
Internamente, foi o pior desempenho do Real desde 2020 e o terceiro mais expressivo desde 2010, ficando atrás apenas das quedas de 31,98% em 2015, durante o segundo mandato de Dilma Rousseff (PT), e de 22,44% em 2020, no auge da pandemia de Covid-19 durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).
Qual a maior e a menor inflação registrada no Brasil? O Brasil registrou os seus maiores índices de inflação entre o final da década de 1980 e o início da década de 1990. O valor anual mais alto já atingido foi no início do ano de 1990, quando a inflação anual superou a marca de 2.000% ao ano.
Mas nossa moeda não é reserva de valor. Se fosse, teria ao menos mantido o mesmo poder de compra que tinha quando surgiu em julho de 1994, quando o arroz custava R$ 0,64 o quilo, o pão francês, R$ 0,09 a unidade, e o filé mignon, R$ 6,80 o quilo (veja outros valores da época aqui).
A menor taxa de câmbio de Dólar americano para Reais brasileiros ocorreu em 20 Gwengolo 2024, quando o valor de 1 Dólar americano = 5,4254 Real brasileiro.